quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

ANÁLISE: O QUE MUDA NA NOVA F1




Amigos, com a Liberty assumindo o comando da F1, no lugar do octogenário Bernie Ecclestone, o que muda na categoria?

Nada muda. Pelo menos é essa a conclusão que cheguei depois de ver as mudanças implantadas até agora.

Porque a Liberty assim como Bernie, só pensam no lucro. A diferença entre Bernie e Chasey é que o primeiro era um ditador e o segundo um homem de pesquisas.

Grid girls, halo e Kubica são um reflexo dessa nova era da F1.

Tem muita gente reclamando do calendário, que além de inchado (21 etapas), tem pistas como a de Abu Dhabi sem tradição na F1, herança do tio Bernie.

Com a Liberty a coisa não muda. Chasey já ameaçou tirar do calendário, tradicionais etapas como a de Silverstone e colocar no lugar corridas em países como o Vietnã. No lugar do Grande Prêmio da Inglaterra teremos o Grande Prêmio "Tio Ho" de Fórmula 1. Entre Vietnã e Bahrain, eu sou mais o segundo, porque lá pelo menos eles tem grana para gastar a vontade. O que a F1 iria fazer naquele fim de mundo do Vietnã?

Proibição da grid girls pode parecer uma bobagem, mas é importante para entendermos os novos rumos da F1.

Semana passada Chasey confessou que a medida foi estritamente comercial. Disse que gostava das garotas e não via problema com a presença delas no circo. Confirmou que tomou essa decisão porque "parte do público" ficava incomodado com a presença delas.

Como falei, Chasey é um homem de pequisas. Com o banimento das garotas, ele conquistou uma parte do público "pró-Crivella" que acha obsceno mulher de perna de fora. Mas por outro lado, com essa atitude ele perdeu parte do público tradicional das corridas. Então de olho nas pequisas, ele teve a ideia de colocar crianças no lugar das garotas, com a intenção de trazer esse público de volta.

As crianças não estavam no plano inicial, só foram incluídas 5 dias depois de anunciado o banimento das grid girls. Vocês estão entendendo a jogada? As crianças entraram em cena depois que ele olhou as pequisas e viu que tinha gente que não gostou da mudança.

Ai ele teve a ideia de colocar crianças. Com isso ele recuperou parte daquele público perdido, porque ninguém é contra a presença de crianças. Sacaram só.

Se esse fosse o plano inicial, ele teria anunciado a presença das crianças no mesmo dia do anuncio do banimento das garotas. Mas só fez isso 5 dias depois, quando ele viu o resultado das pesquisas.

O caso do Robert Kubica tem relação com isso, é parecido.

Se em 1970 a equipe Lotus anunciasse a volta de Stirling Moss, aquele que 8 anos atrás, em 62 sofrera um grave acidente em Goodwood, todo mundo iria rir dessa notícia. Ninguém levaria a sério uma coisa dessa.

No caso do Kubica ninguém riu porque ele teve milhares "likes". Como a repercussão do #supportkubica foi grande, o pessoal do dinheiro, de olho no lucro, gostou da ideia porque esses milhares de "like" são potenciais compradores do seu produto.

O Kubica só serviu para isso, o seu talento foi medido pela quantidade de "likes".

 Todo mundo pede "um assento para ele em 2019", mas sempre no time "do outro". Paddy Lowe toda hora fala isso, só que ele não quis saber do Robert. A Renault fala a mesma coisa, então por que não contrataram? Eles querem o Kubica de volta, mas "não na sua equipe".

Não duvido que num futuro próximo os internautas irão escolher os pilotos das equipes. Ferrari, William, Mercedes... no final da temporada irão fazer uma enquete com 5 ou 6 nomes e os internautas vão escolher os 2 pilotos para o próximo ano.

Hoje em dia todo mundo esta de olho na quantidade de "likes" "joinhas" e seguidores.

Vai ter enquete para tudo. Até para saber se a ultrapassagem do Verstappen valeu ou não, no fim da corrida se a maioria dos internautas achou que não, ele é desclassificado. Não duvido que esse tipo de coisa possa acontecer. Aqueles três velhinhos que hoje julgam tudo, já é meio caminho andado para que isso aconteça. A interferência externa é cada vez maior.

O caso do Halo segue na mesma linha. Já comentei aqui no blog que o público atual da F1 não quer ver sangue. O halo foi introduzido para satisfazer esse tipo de público. Sempre de olho nas pesquisas.

O halo é coisa da FIA, nada a ver com a Liberty. Mas acontece que Jean Todt e Chasey Carey estão em sintonia, falam a mesma língua.

No caso das crianças, Jean Todt aprovou a ideia na hora. Porque ele, interessado no lucro, quer passar a mensagem que F1 é um "piquenique de domingo", onde as famílias levam seus filhos para correr e no final do dia voltam felizes para suas casas. Só que corrida é esporte de risco e você pode no final do dia levar seu filho de volta num caixão ou sem as duas pernas!.

Você pode inventar um novo dispositivo de segurança toda a semana e mesmo assim vai morrer gente. Se o carro do Billy Monger tivesse o halo, não evitaria dele perder as duas pernas.

Eu não sou contra a evolução da segurança nos carros, mas você não pode acabar com o DNA do esporte.

Fazer uma ligação com a preocupação com a segurança que Jackie Stewart tinha nos anos 70, com a introdução do halo da F1 atual, é um absurdo. Muitos idiotas usaram isso para justificar o halo.

Nos anos 70, as exigências dos pilotos era para ter uma ambulância no circuito, brigavam contra guard-rail amarrados com arame, esse tipo de coisa. Hoje em dia, os padrões de segurança dos carros e circuitos estão dentro de um nível aceitável.

Chega a ser ridícula certas coisas, como a entrada do pace car quando começa a chover. Ou largada em fila indiana. Qualquer coisa é motivo para bandeira amarela. O cara estaciona o carro num local seguro, sem risco, mas mesmo assim tem bandeira amarela.

É tanto cuidado que chega uma hora que você fica de saco cheio. A coisa passa dos limites.

No Base Jump você pode usar capacete, paraquedas reserva, ser o campeão da modalidade, que mesmo assim, qualquer hora você pode morrer.

Corrida de carro é igual. O Senna era o melhor da sua época, estava no melhor carro e se esborrachou. O Brasil só não enterrou mais cinco pilotos por pura sorte.

Na curva que Senna perdeu a vida, Piquet também bateu forte, chegou a raspar o capacete no muro e não morreu por milagre. Barrichello na mesma pista de Imola, deu uma porrada violenta, num acidente mais impressionante do que o de Senna, e morreu por seis minutos conforme relato do próprio piloto. Christian Fittipaldi não morreu na reta de Monza porque o carro caiu nas quatro rodas depois de completar um looping a 300 Km/h. Titonio Massa não enterrou o filho porque a mola do carro de Barrichello pegou caprichosamente 1 cm acima no capacete. Emerson escapou de morrer ou ficar tetraplégico num super oval nos Estados Unidos porque o santo dele era forte.

Em quase todos esses graves acidentes que eu citei, a questão de segurança não foi um fator principal.

Você não pode alegar que foi por falta de segurança que eles aconteceram. Eles aconteceram porque o risco existe.

Esse esporte é perigoso! Não é piquenique de domingo!

Agora se a FIA e Liberty ficarem dando ouvidos a internautas, pensando só no lucro, irão acabar com esse esporte. As vezes você tem que ser um pouco ditador.

Colocar os pilotos dentro de "gaiolas" a prova de bala, correndo em circuitos com área de escape de 500 m, com punições absurdas, é o começo do fim da F1.

Na minha visão, a moderna (sic) F1 vai seguir a tendência das pesquisas. Vai ser como uma novela das 8. Se as pequisas indicarem que o personagem não esta agradando, eles mudam o final da história.